Estuda-se sobre psicopatia e narcisismo perverso, porém pouco se fala das vitimas. Como se recuperar de uma avalanche de agressões psicologias e fisicas advindas do convivio com alguém assim? como recuperar nossa alma?.Criei esse blog para que juntos possamos formar uma corrente de ajuda e estudos para que no minimo nosso "eu" fique menos fragmentado e possamos encontrar sentido na caminhada. OBS: Escolhi o termo perverso para substituir ou englobar tanto o "psicopata" como o "narcisismo".
quarta-feira, 19 de agosto de 2015
O Mal Existe
Não é uma tarefa fácil diagnosticar indivíduos portadores de síndrome de psicopatia. Para tanto nos valemos das pesquisas desenvolvidas pelo psicólogo canadense Robert D. Hare, professor da Universidade Colúmbia Britânica, pioneiro nos estudos de psicopatia. Os tópicos abaixo fazem parte do seu livro Without conscience: the disturbing world of the psychopaths. Sem consciência: o inquietante mundo dos psicopatas. Ed. Guilford Press, New York; p. 33-35. Ainda sem tradução para língua portuguesa.
Segue abaixo o texto traduzido por Gilson Marciano de Oliveira
Simplistas e superficiais
Os psicopatas na maioria das vezes são inteligentes e articulados. Eles podem ser pessoas divertidas, interessantes, conversadoras, preparadas para dar respostas rápidas e inteligentes. De forma convincente, contam histórias improváveis, mas de maneira a que o assunto pareça verdadeiro. Eles são muito eficazes nas suas aparências e frequentemente são charmosos e simpáticos. No entanto, para muitas pessoas eles são muito dissimulados, de falsa docilidade, aparentando hipocrisia e superficialidade. São observadores astutos e muitas vezes tem-se a impressão que os psicopatas estão encenando algum papel, de forma mecânica, interpretando um roteiro já estabelecido. Um dos meus examinadores descreveu uma entrevista que ele fez com um prisioneiro: “Sentei-me e tirei a minha prancheta, sendo que a primeira coisa que o cara me disse era que eu tinha os olhos bonitos. Ele controlou meu trabalho completamente, fazendo alguns elogios a respeito de minha aparência ao longo da entrevista, fechando com o meu cabelo. Assim, quando eu terminei de guardar minhas coisas no fim da entrevista eu estava sentindo uma coisa rara... Bem bonito. Eu sou uma pessoa muito cuidadosa especialmente no meu trabalho, pois um dado falso pode desacreditar a entrevista. Quando cheguei lá fora, eu não podia acreditar que tinha caído numa linha de conversa como essa.”
Psicopatas podem divagar e contar histórias que parecem improváveis, levando-se em conta tudo aquilo que é conhecido a respeito deles. Normalmente, eles tentam parecer familiarizados com sociologia, psiquiatria, medicina, psicologia, filosofia, poesia, literatura, arte ou com o direito. Essas características nos permitem fazer uma leitura de que eles não possuem muitas preocupações em serem desmascarados. Um de nossos arquivos de prisão descreve um presidiário psicopata que afirma ter níveis mais avançados de sociologia e psicologia, quando na verdade ele nem sequer tinha concluído o ensino médio. Ele manteve essa ficção durante uma entrevista com um dos meus alunos, um candidato a doutorado em psicologia. O aluno comentou que o preso estava tão confiante nos seus conhecimentos de termos técnicos e conceitos que aqueles que não estão familiarizados com o campo da psicologia poderiam muito bem ficar impressionados. A variação sobre esses indivíduos especialistas em algum tema é comumente verificada entre os psicopatas.
Egocêntricos e narcisistas
Os psicopatas são exageradamente narcisistas, dão grande importância para sua auto-estima, possuem um egocentrismo espantoso, e noções do que é correto. No entanto, pensam que são o centro do universo, seres superiores, que agem de acordo com suas próprias regras. “Não é que eu não queira seguir a lei”, disse um de nossos entrevistados. “Eu sigo a minha própria legislação. Eu nunca violo as minhas próprias regras.” O entrevistado descreveu essas regras em termos de “olhar para fora para um número.” Quando da entrevista de outro psicopata, preso por uma variedade de crimes que incluem a extorsão, violação e a fraude, foi perguntado se ele tinha algumas fraquezas. Ele respondeu: “Não possuo nenhuma fraqueza, exceto talvez por eu ser demasiado inquieto.Em uma escala de 10, avaliado por ele mesmo, respondeu: “Uns 10 no conjunto geral. Eu diria 12, mas daí eu estaria me vangloriando. Se eu tivesse tido uma educação melhor talvez eu fosse brilhante”.
A grandiosidade e importância que os psicopatas dão para si mesmos geralmente surgem de forma espantosa nos tribunais. Por exemplo, não é difícil eles criticarem e abdicarem de seus advogados, assumindo as suas próprias defesas, normalmente com resultados desastrosos. “Meu parceiro pegou um ano de condenação. Eu peguei dois por culpa de um advogado idiota”, disse um de nossos entrevistados. Mais tarde o entrevistado tratou seu problema pessoalmente e viu sua pena ser aumentada para três anos. Psicopatas geralmente são percebidos como uma pessoa arrogante, descarada, fanfarrão, cheio de autoconfiança, opinativo e dominador. Eles gostam de ter poder e controle sobre os outros e parecem incapazes de acreditar que outras pessoas têm opiniões válidas diferente da deles. Eles parecem carismáticos e “eletrizantes” para algumas pessoas.
Psicopatas raramente sentem-se embaraçados por problemas legais, com pessoas ou com finanças. Em vez disso, eles vêem os problemas como retrocessos temporários, resultados de má sorte, de amigos infiéis ou incompetentes, ou por injustiça do sistema.
Embora os psicopatas geralmente afirmem ter objetivos específicos em suas vidas, eles mostram pouco conhecimento das qualificações exigidas, não possuem idéias de como atingir seus objetivos, e pouca ou nenhuma chance de alcançá-los, dado seu histórico e pela falta de interesse contínuo no campo educacional. O detento psicopata pode pensar em liberdade condicional, imaginando planos mirabolantes para tornar-se um magnata ou dedicando-se para a advocacia para pobres. Um, que particularmente não era nenhum letrado, criou um título para um livro que pretendia escrever sobre si mesmo e já foi contando a fortuna que iria ganhar com a venda de seu best-seller...
Falta de remorso ou culpa
Psicopatas demonstram uma impressionante falta de preocupação com os efeitos devastadores que suas ações têm sobre os outros. Muitas vezes, eles são completamente sinceros sobre o assunto, afirmando com calma que não possuem nem um sentimento de culpa, que não há motivos para pedirem desculpas pela dor e destruição que causaram, não existindo nenhuma razão para eles se preocuparem.
Quando perguntado se ele tinha algum arrependimento sobre uma vítima de roubo e esfaqueamento, que passou três meses em um hospital decorrente dos ferimentos recebidos, um dos nossos entrevistados respondeu: “Caia na real! Ele passa alguns meses em um hospital e eu apodreço aqui. Eu cortei ele um pouco, mas se eu pretendesse matá-lo eu teria cortado a sua garganta. Esse é o tipo de cara que eu sou, eu dei-lhe uma espetada.” Indagado se ele lamenta qualquer um de seus crimes, ele disse: “Eu não me arrependo de nada. O que está feito, está feito. Deve ter havido alguma razão para eu ter feito isso na época, e é por isso que foi feito.”
Por outro lado, psicopatas, por vezes, verbalizam remorso, mas depois se contradizem em palavras ou ações. Criminosos na prisão aprendem rapidamente que o remorso é uma palavra importante, um atenuante. Quando perguntado a um interno se ele teve remorso de um assassinato que ele cometeu, um jovem preso nos disse: “Sim, com certeza, sinto remorso.” Pressionei mais, ele disse que não “se sentia mal intimamente a respeito”.
Certa vez eu estava aturdido pela lógica de um preso que descreveu como a vítima havia sido beneficiada com o crime, aprendendo “uma dura lição de vida”. “O rapaz tinha apenas que culpar a si mesmo”, disse outro detento do homem que havia assassinado em uma discussão banal sobre o pagamento de uma fatura com código de barras. “Qualquer um poderia ter visto que eu estava com um péssimo humor naquela noite. O que ele queria por não ter se preocupado comigo”? Ele continuou: “Enfim, o cara nunca havia sofrido. Facadas em uma artéria é a maneira mais fácil de isso acontecer”.
A falta de remorso ou culpa verificada nos psicopatas está associada a uma notável capacidade de racionalizar seu comportamento e livrar-se da responsabilidade pessoal pelas ações que causam choque e decepção com a família, amigos e outras pessoas cumpridoras das regras sociais. Normalmente eles têm desculpas à mão para o seu comportamento, e, em alguns casos, eles costumam negar que tenham causado algum dano a outra pessoa.
Em alguns aspectos, como a emoção, eles são como os andróides retratados na ficção científica, incapazes de exprimir o que os seres humanos sentem na vida real. Um estuprador, qualificado com escore alto da Psychopathy Checklist, comentou que ele achou difícil simpatizar com suas vítimas. “Eles são assustados, né? Mas, veja você, eu realmente não entendo. Eu tenho medo mesmo, e nem por isso sou desagradável”.
Psicopatas vêem as pessoas como um pouco mais que objetos a serem utilizados para sua própria satisfação. Os fracos e vulneráveis – que eles zombam ao invés de sentir pena – são os alvos favoritos. “Não existe tal coisa no universo do psicopata, como o meramente fraco”, escreveu o psicólogo Robert Rieber. “Quem é fraco também é um otário, ou seja, é alguém que pede para ser explorado”...
Falta de empatia
Mentir, trapacear e manipular são talentos naturais dos psicopatas. Com seu poder de imaginação artístico e focado em si mesmo, os psicopatas parecem surpreendentemente imperturbáveis pela possibilidade – ou mesmo certeza – de não serem identificados. Quando pegos em uma mentira ou desafiados com a verdade, eles raramente ficam perplexos ou com vergonha – eles simplesmente mudam de assunto ou tentam reformular os fatos para que eles pareçam ser coerentes com a mentira. Os resultados são uma série de contraditórios e declarações que confundem o ouvinte completamente.
Grande parte das mentiras parecem não ter outra motivação que, para o psicólogo Paul Ekman, seria como um “prazer”...Os psicopatas parecem orgulhosos de sua capacidade de mentir. Quando perguntado se ela mentiu facilmente, uma mulher com uma pontuação alta no Checklist Psychopathy riu e respondeu: “Eu sou a melhor, e sou realmente boa no que faço, porque eu acho que às vezes é bom admitir que exista algo ruim sobre mim. Eles pensam, bem, se ela está admitindo que possa ter algo de ruim nela, ela pode estar dizendo a verdade sobre o resto”. Ela também disse que, por vezes, “sais da mina” são como uma pepita de verdade. “Se eles pensam que algumas coisas que você diz são verdade, eles geralmente pensam que tudo é verdade”.
Muitos observadores têm a impressão que os psicopatas, por vezes, não sabem que estão mentindo, é como se as palavras possuíssem vida própria, e o falante não possui restrição nenhum quanto ao fato do ouvinte ter pleno conhecimento dos fatos. Para o psicopata é indiferente que ele possa ser identificado como um mentiroso, é verdadeiramente extraordinário, que faz com que o ouvinte a se perguntar sobre a sanidade do alto-falante. Mais frequentemente o ouvinte é envolvido...
Emoções superficiais
“Eu sou o filho da puta mais sangue-frio que você já conheceu”. Foi assim que Ted Bundy se descreveu para a polícia após finalmente ter sido preso.
Os psicopatas parecem sofrer de uma espécie de pobreza emocional que limita o alcance e a profundidade de seus sentimentos. Embora eles pareçam frios e sem emoção, muitas vezes são propensos a sentimentos dramáticos e superficiais. Observadores atentos ficam com a impressão de que estes sentimentos são uma encenação e que pouca coisa está acontecendo no seu pensamento íntimo.
Às vezes, eles afirmam experimentar emoções fortes, mas são incapazes de descrever as sutilezas de vários estados afetivos. Por exemplo, eles igualam o amor com a excitação sexual, tristeza com frustração, raiva com a irritabilidade. “Eu acredito nas emoções: ódio, raiva, luxúria e ganância”, disse Richard Ramirez, o “caçador noturno”...
A aparente falta de afeto normal e profundidade emocional levou os psicólogos JH Johns e HC Ouav a dizer que o psicopata “conhece as palavras, mas não a música”. Por exemplo, em um livro que faz uma abordagem sobre o ódio, violência e justificativa sobre o seu comportamento, Jack Abbot fez este comentário revelador: “Existem emoções – em todos os aspectos delas – que eu sei que só existem através das palavras, feitas através da leitura da minha imaginação imatura. Eu posso imaginar que eu sinto essas emoções (saber, portanto, que elas são), mas na verdade eu não tenho esse sentimento. Na idade de 37 anos eu sou apenas uma criança precoce. Minhas paixões são as de um menino”...
Blog De Sonia Amorim
quarta-feira, 5 de agosto de 2015
Trolls da Internet são Psicopatas
Em uma pesquisa realizada por psicólogos de diversas universidades canadenses, usuários da internet foram convidados a responder uma série de perguntas como “quanto tempo você passa online?” e “você faz muitos comentários no YouTube?”. Eles também foram solicitados a concordar ou discordar com opções como “Eu gosto de zoar pessoas em fóruns ou em seções de comentários de sites” e “eu gosto de ser o vilão em jogos e torturar outros personagens”.
Os resultados apontaram para a conclusão de que os “trolls” da internet mostram várias características do que é conhecido como “Dark Tetrad” (em português, algo como “tétrade obscura”). Trata-se da interseção de quatro características terríveis: sadismo, maquiavelismo, narcisismo e psicopatia. As pessoas com esses traços de personalidade adoram magoar os outros, são extremamente enganosos, e não têm remorso por suas travessuras. Os pesquisadores ainda descobriram uma ligação entre essas características e a quantidade de tempo gasto online, o que acaba criando um ciclo vicioso de psicopatia.
Psicopatas podem ter um interruptor de empatia.
Os psicopatas são incapazes de se colocarem no lugar de outras pessoas. Eles veem os seres humanos como peças de xadrez, como se fossem os peões para a sua própria diversão. E a razão pela qual isso acontece é motivo de muita discussão. Enquanto alguns cientistas dizem que os psicopatas simplesmente são assim, os neurocientistas da Universidade de Groningen, na Holanda, discordam. Em 2012, eles realizaram um teste com criminosos psicopatas usando tecnologia de ressonância magnética e alguns filmes caseiros que podemos chamar de bizarros. Nesses filmes, que os criminosos assistiram de dentro do scanner de ressonância magnética, uma mão sem corpo ou carinhosamente acariciava outra, ou a rejeitava, ou a batia com uma régua.
Como os pesquisadores esperavam, os psicopatas não se impressionaram. No entanto, as coisas tomaram um rumo interessante quando os pesquisadores pediram aos criminosos para que sentissem empatia com as pessoas na tela. Desta vez, quando a vítima do filme levou uma surra, os psicopatas realmente responderam. Eles estavam sentindo a dor da pessoa. Os pesquisadores concluíram, então, que psicopatas têm um interruptor de “liga/desliga” em seus cérebros. Embora ele geralmente esteja na posição “desligado”, isso pode mudar quando necessário. É por isso que, às vezes, os psicopatas podem ser acolhedores e muito charmosos.
Os cientistas acreditam que isso significa que criminosos psicopatas podem ser reabilitados. Se eles pudessem ser ensinados a deixar o interruptor sempre no “ligado”, eles poderiam superar esse transtorno. Por outro lado, se eles realmente estão simplesmente optando por não ter nenhum tipo de empatia com as pessoas, eles são ainda mais assustadores do que imaginávamos.
Eles não reconhecem medo
Em outras palavras, se um psicopata vem em sua direção com uma faca e você fica paralisado, com os olhos arregalados, boca seca e tremendo até o cabelo, ele não entende que você está com medo, porque esses sinais não tem significado para ele. Loucura, não? E não é porque ele escolhe ignorar suas dicas, é que ele realmente não consegue.
Esse fato foi descoberto a partir de uma pesquisa realizada por Abigail Marsh, da Universidade de Georgetown (EUA), quando ela testou as reações de 36 crianças com idades entre 7 a 10 anos de idade a expressões faciais.
As crianças foram colocadas em um scanner de ressonância magnética que mostrou imagens de vários rostos. Alguns eram neutros, outros estavam com raiva, e alguns apavorados. A maioria das crianças não teve nenhum problema de diferenciação entre as faces neutras e assustadas. No entanto, as crianças com grandes para tendências a serem psicopatas simplesmente não conseguiam entender o que essas expressões de medo significavam. Essa discrepância demonstra um mau funcionamento da amígdala, a parte do cérebro que controla a resposta de medo.
A camada exterior da amígdala de um psicopata é muito mais fina do que o normal e muito menor do que a de um cérebro saudável. Graças a essa redução no volume, a área do cérebro é menos ativa do que deveria ser, razão pela qual os psicopatas são incapazes de interpretar expressões de medo. Estranhamente, este fenômeno não parece aplicar-se a outras emoções.
Já entendeu tudo, né? Uma vez que eles não têm noção de como é ter medo, eles não sabem como responder ao horror que seres humanos normais sentem.
9. Psicopatas são viciados em dopamina
Psicopatas são viciados em dopamina
O que leva pessoas psicopatas a matar? E por que psicopatas gostam tanto de manipular os outros? Bom, tudo tem a ver com a dopamina, um neurotransmissor que ativa os centros de recompensa em nossos cérebros. É a mesma razão pela qual uma pessoa se apaixona, exceto em uma escala muito maior. Psicopatas são viciados em dopamina. De acordo com Josué Buckholtz da Universidade de Vanderbilt, em Nashville (EUA), o cérebro de um psicopata não só produz mais dopamina, como ele realmente ama muito o neurotransmissor.
Buckholtz acredita que este desejo por dopamina é a razão pela qual psicopatas são obcecados por controlar os outros. Para reforçar esse posicionamento, ele e sua esquipe estudaram 30 pessoas com traços psicopáticos, dando-lhes anfetaminas para “trancar” os neurônios produtores de dopamina. Estas drogas foram radioativamente marcadas para que os cientistas pudessem controlar o quanto de dopamina foi produzido em resposta às anfetaminas. Eles descobriram, então, que as pessoas que mostravam alta impulsividade antissocial – o desejo e a vontade de controlar os outros – geraram muito mais dopamina do que outros estímulos.
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